Após cinco anos e batalhas nos Tribunais, processo movido pela Igreja Universal contra a Folha de S. Paulo é julgado improcedente

Um processo movido pela Igreja Universal do Reino de Deus contra o jornal Folha de S. Paulo foi julgado improcedente e teve a sentença confirmada na última quarta-feira, 14/11, pela 8ª Câmara Cível de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo. A ação da Universal contra o jornal e o jornalista Fernando de Barros e Silva pedia uma indenização por danos devido ao artigo “Fé do Bilhão”, publicado pela Folha em 17 de dezembro de 2007, pois a denominação considerava que o texto possuía “cunho tendencioso”, segundo informações da própria Folha.

Em sua defesa, o jornal alegou que a matéria representava o “exercício da liberdade de expressão do pensamento”. O relator do processo, Caetano Lagastra, considerou que jornal e jornalista não cometeram abusos.

O artigo do jornalista Barros e Silva comentava uma reportagem, publicada também pela Folha e assinada pela jornalista Elvira Lobato e intitulada “Universal chega aos 30 anos com império empresarial”.

Essa reportagem se tornou alvo de ações movidas em todo o Brasil por fiéis da Universal contra a Folha e a jornalista, sendo que maioria dos processos foi ajuizada em comarcas localizadas em lugares distantes, levando advogados e jornalistas a se deslocarem país afora através de avião, ônibus, táxi e barco para comparecerem às audiências. Como os documentos utilizados nas ações continham as mesmas frases, a estratégia foi vista pelo juiz Edinaldo Muniz dos Santos como uma forma de “assédio judicial”, por tentar intimidar a parte requerida.

O imbróglio gerou ainda outro processo, dessa vez devido ao editorial “Intimidação e má-fé”, publicado pela Folha em 2008, com o relato da batalha judicial entre as partes. “Espero que o julgamento represente o encerramento do embate judicial que durou quase cinco anos envolvendo a Igreja Universal e a Folha”, afirmou a advogada do jornal, Taís Gasparian, que acredita que “nesse período a igreja entrou com três ações, e seus fiéis, com mais de 110, em uma iniciativa que tinha por propósito inibir a publicação de textos jornalísticos. Apesar das dificuldades, acredito que a imprensa tenha saído vencedora, já que nenhuma das ações foi julgada procedente”.

Por Tiago Chagas, para o Gospel+

Polícia da Rússia encontra bordel dentro de uma igreja

A polícia da capital russa encontrou nesta semana um bordel funcionando nas instalações do Monastério Sretensky, um dos mais antigos de Moscou. Em mais um escândalo envolvendo a Igreja Ortodoxa, os serviços do chamado “hotel dos amantes” estavam sendo oferecidos a 1750 rublos (aproximadamente 115 reais) a hora. Duas mulheres - uma da Ucrânia e outra do Tajiquistão - foram presas por suspeita de prostituição.
Por telefone, uma funcionária da igreja informou que "tudo não passou de um mal-entendido". Segunda ela, o mosteiro havia alugado algumas instalações temporariamente, “mas agora não há absolutamente nenhuma conexão entre o bordel e o templo".No entanto, segundo o popular website Life News, que tem laços estreitos com a polícia e os serviços de segurança, o prédio onde o bordel foi encontrado pertence ao monastério. No site da sede da polícia de Moscou, consta apenas que duas prostitutas foram presas por falta administrativa. A polícia pode abrir um inquérito nos termos do artigo "Organização da prostituição".
A atividade na Rússia é ilegal, mas não é um crime grave. A pena máxima para uma prostituta é uma multa de até dois mil rublos. No entanto, qualquer forma de proxenetismo é punível com pena de prisão. O abade do monastério, padre Tikhon, tido por muitos como o conselheiro espiritual do presidente Vladimir Putin, criticou a imprensa pela polêmica. "A tempestade criada pela mídia é apenas um exemplo de como as pessoas estão dispostas a divulgar qualquer calúnia e fazer piadas vulgares, tudo para atacar a Igreja", disse o abade.
Fundado em 1395, o mosteiro foi construído no local onde moscovitas supostamente encontraram um ícone da Virgem Maria trazido da cidade de Vladimir para proteger Moscou contra a invasão do exército de Timur, o Coxo, um dos grandes conquistadores nômades da Ásia Central.

Uma igreja e muitas polêmicas

Este foi mais um ano de polêmicas envolvendo a igreja ortodoxa russa. Em abril, uma foto do líder máximo da igreja, Kirill I, foi alvo de muitas críticas e ironias na blogosfera. O sacerdote foi fotografado usando um relógio de ouro avaliado em mais de 60 mil reais. Antes da publicação da imagem, o acessório foi apagado de seu pulso. No entanto, por um descuido, esqueceram de eliminar o reflexo do objeto sobre a mesa onde estava sentado o patriarca. A igreja ortodoxa emitiu um pedido oficial de desculpas.
Em junho, a Associação de Direitos dos Consumidores da Rússia recebeu uma reclamação de que a Catedral Cristo Salvador, em Moscou, estaria violando inúmeras leis relacionadas a atividades comerciais. Depois de uma inspeção, especialistas determinaram que no território da catedral havia várias empresas operando sem o cumprimento da legislação. Quiosques com joias, utensílios de cozinha, artigos de vestuário, lojas de pneus, estacionamento e até mesmo um centro de negócios com salas para alugar – tudo sem as informações básicas necessárias para o consumidor. A Catedral Cristo Salvador é a igreja onde as integrantes do grupo Pussy Riot cantaram em março deste ano uma oração pedindo que a Virgem Maria tirasse Vladimir Putin do poder.
A aproximação entre a Igreja Ortodoxa Russa e o Kremlin, que está sendo levada a cabo por Putin na última década, tem gerado preocupação entre alguns grupos de direitos humanos e da oposição russa, que temem que a utilização da religião pelo Kremlin faça parte da estratégia do governo para enfraquecer os dissidentes. O respeito às minorias também é outra preocupação. Em um país onde pelo menos 6,5% das pessoas se declaram muçulmanas, a crescente importância política da Igreja Ortodoxa gera apreensão. Recentemente, Putin declarou ser a favor da proibição do véu nas escolas do país.
Em uma pesquisa de 2011 do Centro Levada, o número de pessoas que se auto-identificam como ortodoxas russas experimenta um aumento constante - de 31% em 1991, para 50% em 2001 e quase 70% em 2011.

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