Evangélica da Assembléia de Deus é capa da Playboy...

... e justifica: “profissão e religião são áreas diferentes”.


(sério? DEUS SÓ OLHA O CORAÇÃO?)

A paulistana Aline Franzoi, 21 anos, é a capa deste mês da revista Playboy. Ela ficou conhecida como uma das primeiras “ring girl” do Brasil, nome das meninas que erguem as plaquinhas nos intervalos das lutas do UFC.

Curiosamente, o material de divulgação anuncia que a modelo, estudante de direito e ex-garota do octógono é “a primeira evangélica a posar nua” para a versão brasileira da Playboy.
Aline congrega na Assembleia de Deus, denominação conhecida durante muito tempo por sua rigidez em relação à vestimenta e ao corte de cabelo das mulheres.
Modelo há seis anos, Aline usou seu perfil no Facebook para se justificar, sabendo que será criticada pelos evangélicos: “Para a questão RELIGIÃO que saíram em manchetes dizendo “Evangélica”, esta será a primeira e única vez que falarei, somente para que entendam. Em nenhum momento fiquei enfatizando minha religião em trabalhos e nunca quis vincular informações desta maneira, pois são áreas diferentes!”, escreveu.

Em entrevista ao jornal Extra, declarou: “Estou bem segura e feliz quanto ao resultado das fotos… Meus familiares e namorado adoraram! Estamos superfelizes”. A “temática” do ensaio que chega às bancas nesta terça-feira é justamente o MMA.

Ela já havia posado para a revista VIP este ano e anunciou que nunca posaria nua. Em entrevista ao UOL, declarou “Sou evangélica e uso meu Facebook para dizer o quanto Deus foi e é poderoso em minha vida. E, afinal, o que tem de errado? É muito relativo o que é certo e errado, concilio não só essa nova carreira, como a carreira de modelo também, pois, na minha concepção, Deus olha o nosso coração e a nossa intenção”.

Ninguém consegue derrotar aquele que DEUS escolheu pra vencer!”, escreveu ela neste domingo em seu perfil no Facebook, após anunciar que está “super satisfeita” com as fotos.

Questionada sobre sua religião, a modelo minimizou as polêmicas: “Eu lido com o [lado] profissional, entendeu? A minha religião, o que eu acredito, o que eu sou, isso só diz respeito a mim. Ninguém tem nada a ver, entendeu? O trabalho ficou bem legal e justamente por ser outra visão, eu aceitei”.

Meus pais me apoiaram, meu namorado… Eu to feliz comigo mesma. Eu sou uma pessoa bem segura”, complementou Aline Franzoi.


Baderna religiosa: Há mais 'igrejas' do que comércios e restaurantes, ou, charlatanismo com aval do poder público

São 12 novos templos religiosos criados por dia no Brasil, sem contar as unidades filiadas.

Basta andar por qualquer bairro para encontrar um novo templo religioso. E a sensação comum de que “todo dia abre uma igreja” é mais do que verdadeira. 

De 1º de janeiro até a última sexta-feira, o Brasil ganhou 2.798 igrejas registradas, de acordo com dados do “Empresômetro”, ferramenta do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), que monitora a abertura de empresas de todos os tipos no país. São quase 12 igrejas novas por dia, ou uma a cada duas horas.

Os registros religiosos só não são maiores do que os de associações, que ganharam 5.509 formalizações no mesmo período, mas superam condomínios, comércios, clínicas, restaurantes e drogarias. E o número seria ainda muito maior, se entrassem na conta as novas unidades de cada igreja já estabelecida. Fazendo uma analogia com o meio empresarial, as Igrejas têm que registrar sua “marca”, e, a partir daí, podem abrir o que seriam as filiais, sem ter que fazer um novo registro a cada nova operação.

A Igreja Batista Central, de Belo Horizonte, por exemplo, está reformando um galpão no Santa Efigênia, região Leste de Belo Horizonte, onde funcionará seu terceiro endereço. Fundada em 1961, a Igreja já tem uma unidade administrativa no bairro Santo Antônio e uma sede onde o auditório comporta 2.500 pessoas no Luxemburgo, ambos na região Centro-Sul. Vai abrir também outras em Cláudio, no Centro-Oeste mineiro, e uma em Anagé, na Bahia.

O registro da atividade foi feito há 52 anos, quando foi aberta a primeira unidade. As outras não precisam ser formalizadas porque fazem parte da mesma Igreja. O pastor de jovens, Roberto Bottrel, diz que a Igreja tem “células” que são reuniões de fiéis em casas para orar e conhecer a Bíblia em dias que não há cultos. “A igreja pulsa de segunda a segunda”, afirma. A partir dessas células, foi identificada uma demanda na região Leste de Belo Horizonte. “Muitos fiéis das células não iam aos cultos no Luxemburgo porque moravam longe”, diz.

Inicialmente, a nova unidade funcionava em um salão de festas emprestado, onde cabiam 150 pessoas. Hoje, o galpão funciona ainda de maneira improvisada, mas já abriga 200 fiéis. Quando a reforma estiver concluída, serão 400 lugares.

Constituição garante imunidade tributária

Para abrir uma Igreja, basta registrar a ata de abertura em cartório e depois pedir o CNPJ na Receita Federal. Os templos religiosos têm imunidade tributária, o que significa que estão dispensados de pagar IPVA, IPTU, Imposto de Renda, ISS e outros sobre renda, patrimônio e serviços. Eles não estão dispensados de prestar contas ao fisco e devem entregar anualmente a Declaração de Isentos.

O professor de direito tributário Rafael Queiroz, do Centro Universitário Isabela Hendrix, explica que a imunidade é garantida pela Constituição para assegurar a liberdade religiosa, evitando que o Estado estimule uma religião com benefício fiscal, por exemplo. Os partidos políticos têm o mesmo tratamento, pelo mesmo motivo.

[Foto: Batista Central Belo Horizonte]

O Tempo